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Furtos de cortiça na região preocupam produtores florestais e autoridades (c/ som)

Escrito por em 21 de Agosto, 2024

IMG: Pixabay (Ilustrativa).

O aumento dos furtos de cortiça no país e, em especial na região, tem merecido a preocupação por parte de Associações de Produtores e, também, das autoridades. Recordando que o Ribatejo, muito com o contributo do concelho de Coruche, é responsável por 45% da produção nacional, a Rádio Marinhais esteve à conversa com Rita Bonacho, Presidente da Associação de Produtores Florestais de Coruche (APFC) e, também, com o capitão João Romando, do Comando Territorial de Coruche da Guarda Nacional Republicana (GNR), para perceber a evolução deste fenómeno.

A dirigente que representa os produtores florestais do concelho de Coruche começa por explicar à Rádio Marinhais que a produção de cortiça tem um ciclo de nove em nove anos, sendo que a região é responsável por cerca de 45% da produção nacional, o que, em termos médios, representará sensivelmente 2,5 milhões de euros.

A principal finalidade da produção de cortiça, explica Rita Bonacho, continuam a ser as rolhas, no entanto, há, cada vez mais, outros mercados em ascensão como é o caso de materiais de construção e matéria prima.

 

 

O elevado valor comercial a que a cortiça pode chegar faz com que os furtos aumentem e com que o “crime compense”, no entanto, a dirigente da APFC alerta que, apesar do aumento em quantidade, muitas vezes os furtos têm ocorrido em épocas que não são típicas da extração, o que leva a danos, por vezes, irreversíveis nos sobreiros. Rita Bonacho dá o exemplo de que para que se extraia a primeira cortiça desta árvore o tempo médio é de 30 anos, ou seja, um furto compromete muitas vezes a viabilidade económica de uma exploração.

Rita Bonacho defende que este flagelo dos furtos de cortiça só abranda ou termina quando, por via de nova Legislação, este crime passe a ser também um crime ambiental e não só patrimonial. “O sobreiro é a arvore nacional, o mondado português tem como uma Lei de proteção do Sobro e do Azinho, portanto está coberta por essa mesma lei, não faz sentido que tenhamos um crime desta natureza e que não seja considerado um crime ambiental, pelo desastre que provoca nas árvores”, conclui.

 

 

A Associação tem prestado auxílio aos associados, lesados por estas situações, mas na ótica da Dirigente as autoridades esbarram em dificuldades, de índole técnica e financeira, que não permitem, muitas vezes, a prossecução das investigações e os casos acabam arquivados.

Como medida dissuasiva, a Associação, implementou um Plano Operacional contra incêndios florestais, através do qual mobiliza os seus recursos e está diretamente no terreno. “O facto de estarmos no território é uma medida um bocadinho dissuasória porque estamos muito presentes”, afirma Rita Bonacho que adianta, também, já estar a ser operacionalizado um Plano para as estradas de acesso restrito.

 

 

Para lá de Rita Bonacho, a Rádio Marinhais procurou, também, ouvir as autoridades que estão no terreno e falou com o capitão João Romano, do Comando Territorial de Coruche. O Comandante começou por explicar aos 102.5 FM que as autoridades estão atentas a este fenómeno, no entanto, os furtos em ambiente agrícola, que incluem a subtração, para lá dos produtos, de maquinaria agrícola, têm diminuído. No entanto, se falarmos exclusivamente aos furtos de cortiça o Comando dá nota de que houve um ligeiro aumento, “embora não muito significativo”, relativamente ao ano passado.

Face ao aumento registado, o Comandante informa que este cenário tem motivado “um aumento da preocupação da denúncia deste tipo de crimes por parte dos produtores”. “Havendo um mapeamento mais eficaz  há, também, um direcionamento daquilo que é o patrulhamento – da GNR – e facilita a própria investigação”, afirma.

 

 

Há, no entanto, algumas dificuldades com que as autoridades se defrontam desde logo porque quando a GNR recebe a notícia de um crime faz a comunicação ao Ministério Público e a investigação pode não ficar delegada na Guarda, mas também porque, por norma, este tipo de crimes acontece, normalmente, durante a noite e, à posteriori, há uma dificuldade em associado o produto do furto ao local onde ele foi furtado.

Para o capitão João Romano, é muito mais vantajoso, para a GNR, atuar de forma proativa. “É extremamente importante que os produtores, as pessoas que andam no campo” sempre que verifiquem comportamentos suspeitos alertem imediatamente as autoridades para que estas possam direccionar o policiamento, podendo, assim, prevenir esta prática criminosa.

 

 

Recorde-se de que a GNR se encontra a desenvolver a Operação Campo Seguro 2024 até 16 de fevereiro de 2025, cujo objetivo é intensificar a sensibilização, o patrulhamento e a fiscalização nas explorações agrícolas e florestais em todo o território nacional, no sentido de reprimir a prática de crimes de furto de produtos e máquinas agrícolas, crimes de Tráfico de Seres Humanos em contexto laboral e prevenir a ocorrência de acidentes com veículos ou máquinas agrícolas e florestais.