CNA quer mais fiscalização e exige que agricultores nunca sejam pagos abaixo do custo de produção
Escrito por Edgar Correia (TPE587) em 18 de Janeiro, 2024
A Confederação Nacional dos Agricultores emitiu uma nota dando conta que, à semelhança do que aconteceu aquando do lançamento da medida IVA Zero, com o fim desta no início deste ano, volta a pairar a ideia, de acordo com a CNA, de responsabilizar os agricultores pelos aumentos dos preços no consumidor.
Segundo a CNA, esta “retórica” pretende “desviar as atenções das elevadas diferenças que persistem entre os preços pagos aos agricultores e aqueles que os consumidores pagam pelos mesmos produtos nas grandes cadeias de distribuição.”
Recorde-se de que o Governo disponibilizou, em setembro, o Observatório de Preços Agroalimentar. Com os dados disponibilizados, diz a CNA, é possível verificar “que, em alguns produtos hortícolas, essa diferença aproxima-se dos 200% por meses consecutivos (por exemplo, na alface chegou a 300% em agosto). Embora os dados do INE indiquem uma recuperação de alguns preços na produção, depois de anos muito difíceis para os agricultores, registaram-se descidas nos preços de produtos essenciais como o arroz e o milho (que tiveram quebras de cerca de 200€ e 100€ por tonelada em relação ao ano passado) ou o leite (-0,11€ desde março)”, conclui a Confederação.
A diferença entre o preço a que chega o produto final aos consumidores relativamente ao que é pago aos produtores é significativa e chegaram a atingir mais 74% no leite, em novembro, e mais 64% no arroz, em dezembro.
Face à falta de recuperação da quebra de rendimentos por parte dos produtores, a CNA apela ao Governo, que resultar das próximas eleições de 10 de março, alterações legislativas “que proíbam o pagamento aos produtores abaixo dos seus custos de produção, bem como o aprofundamento do trabalho de fiscalização da cadeia agroalimentar, apurando custos e proveitos dos intervenientes, para se clarificar quem está de facto a ganhar.”
IMG: Pixabay (Ilustrativa).