Em defesa dos agricultores, Luís Mira, repete que se a extinção das Direções Regionais de Agricultura (DRA) e a transferência das suas competências para estruturas de coordenação regional (CCDR) não foi uma boa decisão do Governo do Partido Socialista, “também não é boa com este. O problema é grave e funcional. Não se trata de uma diferença de ideologias”, afirma o Dirigente da CAP.
As críticas dos agricultores não têm uma “lógica corporativa”, como alguns querem fazer crer, defende o secretário-geral da CAP. “A política agrícola é do continente (não é regional) e tem uma dimensão centralizada que é o Instituto de Financiamento de Agricultura e Pescas (IFAP) que executa, não funciona cada região dizer uma coisa”, sublinha o responsável.
As Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) defendem “tão acerrimamente a passagem da agricultura para as suas estruturas porque isso representa mais meios, mais pessoas e mais poder”. Luís Mira dá o exemplo da CCDR Centro que “tinha cerca de 200 quadros e passou a ter 470”.
“O primeiro-ministro fez uma promessa e agora vai ter de tomar uma decisão”, acrescentou Luís Mira. Enquanto o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, admitiu que a reversão estava a ser ponderada, o ministro Adjunto e da Coesão, Manuel Castro Almeida, favorece a integração nas CCDR e já afirmou que não haverá recuo.
“Castro Almeida está a advogar em causa própria”, atira Luís Mira numa referência ao facto de o ministro ter sido quadro da CCDR Norte.
Há um ano o primeiro-ministro, Luís Montenegro, então candidato pela AD afirmou, em Mirandela, que o país precisava “de uma política agrícola que demande do Ministério da Agricultura e que depois tenha os seus executantes nas várias regiões, atendendo às particularidades de cada uma das regiões e dos seus territórios. E aquilo que vejo é muitas queixas, muito afastamento entre os decisores e a vida real, para já não falar na burocracia”. Também Nuno Melo, parceiro de coligação segundou estas declarações em Santarém, perante centenas de agricultores.
No comunicado, os agricultores apelam aos esclarecimentos por parte de Luís Montenegro e a estrutura acrescenta que ainda está a “decidir onde e quando” vai protestar”, garantindo que os agricultores não se vão calar.