De 1 a 3 de março, sopa de feijão com couve, febra e cachola de azeite e vinagre, bacalhau assado com migas ou ensopado de borrego, tudo acompanhado de vinhos regionais, serão algumas das sugestões nos cardápios das 10 casas que se associam ao certame gastronómico.
As Jornadas de Gastronomia, cujo programa prevê muita animação e música para alegrar os comensais ao almoço e ao jantar, recordam, como sempre, o legado deixado pelo gastrónomo coruchense José Labaredas, que em 1999 editou o livro “Coruche à Mesa e Outros Manjares”, contribuindo de forma indelével para a salvaguarda da cultura gastronómica coruchense.
Entre as propostas de pratos tradicionais nos cardápios contam-se ainda receitas como sopa de feijão-frade do Couço, açorda de sável, espetadas de vitela brava em pau de loureiro ou favada com nacos de vitela brava. Os mais genuínos sabores ribatejanos aludem, desde logo, ao trabalho no campo, quando a lavoura era compensada com uma cozinha rica e cuidada que sublimava os produtos regionais que ainda hoje assumem protagonismo. Mas as iguarias do receituário regional estendem-se a influências da cozinha alentejana, evidente em pratos como entrecosto com migas, cabrito frito à lavrador, carne de porco de alguidar com migas do pingo ou ainda sável frito com açorda de ovas. À sobremesa não deverá faltar arroz doce, bolo branco e bolos de mel e nozes, entre outras delícias.
Recorde-se que a obra “Coruche à Mesa e outros Manjares”, de José Labaredas, inspiradora das Jornadas de Gastronomia, inclui uma recolha exaustiva do receituário regional, povoada por valiosas referências a pessoas e saberes, incluindo um estudo erudito sobre a gastronomia em Gil Vicente. São ainda ali publicados estudos sobre o fumeiro e os enchidos portugueses, as feijoadas lusas e até sobre a gastronomia na obra de Eça de Queiroz. Maior do que a erudição, só o amor e o afeto a Coruche e às suas gentes num importante livro de gastronomia, portador de receitas que substantivam e perpetuam a alta alquimia de sabores de Coruche.